quarta-feira, 1 de outubro de 2008

LÍDERES SAUDÁVEIS




José Fabiano Ferraz
Psicólogo - 12 - 39136519

A capacidade de um pote de barro depende do vazio e do espaço que tem, e não tanto do material que contém. Trabalho com líderes, de diferentes formas. Em treinamentos, consultoria pessoal e psicoterapia. Muitas vezes escutei líderes que se sentem vazios. Trabalham e são eficientes em sua função, possuem prosperidade material, mas se sentem vazios. O vazio é uma sensação evidente de que a pessoa precisa se doar, precisa desenvolver o princípio natural da vida que é a lei da doação. Dar mais de si é se expandir, expressar o próprio processo criativo de viver. A liderança saudável aprende que a doação resulta de um estado de consciência em que o líder não espera reconhecimento, nem recompensa embora apareçam naturalmente. Hoje ouvimos com freqüência que as equipes precisam ser autogerenciadas. Equipes com esta característica aprendem a doar uns aos outros, a compartilhar o sucesso e o fracasso. Debashis Chartterjee, um pensador que trabalha com liderança diz o seguinte: “A liderança é a tarefa de orquestrar as oferendas especiais que cada membro traz da equipe à organização”. Com isso o líder constrói a unidade, a partir da diversidade dos dons e talentos da própria equipe. Cada membro da equipe evoluindo em um processo dinâmico, de equilíbrio entre a unidade e diversidade.
Algumas pessoas queixam-se do ambiente de trabalho ser hostil e contrário a uma vida saudável. O liderado queixa-se do líder que não é sensível aos seus problemas pessoais, do acúmulo de trabalho, da pressão para o cumprimento do cronograma, do aumento de responsabilidade e da falta de condições ideais. O líder, por sua vez, queixa-se da falta de comprometimento, da baixa iniciativa, do pequeno espírito empreendedor e também da falta de apoio para desenvolver sua função de liderança. Ambos, em lados distintos, falam das situações como algo que escapa ao seu controle, que acontece quase que independente de sua vontade. Quando estou diante destas queixas coloco o seguinte: “Você acredita que nós construímos o mundo em que vivemos e que essa organização, esta empresa, esta instituição de ensino, esta cooperativa ou instituição de saúde é construída por você? E que isto acontece numa dinâmica incessante de interação e participação? Algumas vezes eu escuto de ambos os lados: “Mas eu não participo disso não, eu fico na minha, não adianta ficar falando”. Então eu respondo: “Pois é isso mesmo, não participar é a sua forma de participação, é a sua forma de interagir com a sua realidade, sendo omisso e ausente”. Pode soar duro num primeiro momento, mas é preciso que ambos, líder e liderado, entendam que somos autores de nosso ambiente e de nossa vida. Mesmo que não percebamos, nós ajudamos a construir a nossa empresa, nossa instituição, nosso município, etc. E somos influenciados, afetados e modificados pelo mundo que construímos. É importante que você descubra o quanto antes, que a vida é um processo de conhecimento construído a partir da interação com a própria vida. Aprendemos vivendo e vivemos aprendendo.
O líder tem um impacto direto sobre o ambiente de trabalho, no bem estar e no clima emocional da equipe. O que revela uma liderança saudável é a capacidade de lidar com as emoções e com o stress do dia a dia. Um ambiente emocionalmente saudável é fonte de bem estar para si mesmo, para os outros e para organização. O líder que possui competência emocional tem um papel chave na prevenção do stress. Por sua vez o líder que aprende gerenciar o stress é um agente multiplicador de saúde dentro da organização. São líderes capazes de identificar e comunicar a missão, lidar com desafios e ao mesmo tempo fornecer apoio e encorajamento aos liderados. Mas para isso o líder precisa aprender a lidar com suas emoções e seu stress. Pois não adianta simplesmente palavras para promover a saúde no ambiente de trabalho. É preciso o modelo, a aprendizagem pela referência do próprio líder. O líder saudável possui uma competência que lhe garante visivelmente uma qualidade de vida.

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