quarta-feira, 8 de outubro de 2008

QUE DROGA DE VIDA!


José Fabiano Ferraz -Psicólogo - 12 - 39136519
Só temos sucesso naquilo que fazemos com prazer. Uma atividade que combina com nossa essência, nós não sentimos como limitação, não sentimos como peso em nossa vida. Mas a atividade mais feliz, sem dúvida é aquela em que somos agentes da felicidade do outro. Por exemplo, dar é melhor do que receber, criar é melhor do que copiar, fabricar é melhor do que destruir. Nestas atividades nós podemos ser agentes da felicidade do outro, portanto fazemos com alegria e dedicação. Parece um pensamento demasiado altruístico para fazer parte de nossa realidade cotidiana. Você deve estar pensando, dessa maneira como vou pagar as contas no final do mês, a prestação do apartamento ou da casa, o financiamento do carro, etc. Então vivemos nossa vida fragmentados entre o que poderíamos ser, e o que conseguimos ser. A felicidade, o prazer e a realização tornam-se princípios secundários em nossa vida. Com isso nossa vida torna-se binária, ou isto ou aquilo, ou trabalho ou sou feliz, ou ganho dinheiro ou me realizo, ou sinto prazer ou sou responsável. Será que isto não tem sido a falência de nossa vida social? Principalmente dos jovens perdidos neste mundo binário? Eles observam que os pais trabalham a semana toda, ficam estressados, nervosos, irritados sem tempo para dar atenção e conversar com a família, e no final de semana buscam a felicidade na bebida, na euforia de um churrasco, por exemplo, na compra de mais um objeto de consumo. Não existe uma semelhança entre a vida cotidiana e a vida do final de semana. No domingo à noite o abatimento e a angustia lembra o início da semana dura, desgastante e pesada.
Que droga de vida! A maconha continua sendo a droga mais consumida no mundo. O álcool tem seu consumo elevado em 10% a cada ano. Os jovens começam a beber cada vez mais cedo. Pesquisas recentes revelam que a idade média de jovens que experimentam álcool é aos 13 anos, fumar cigarro aos 12 e fumar maconha aos 14 anos. Muitos jovens que usam drogas, mais pesadas, começam com o primeiro cigarrinho de maconha aos 10 anos de idade. O modo como a sociedade esta estruturada, hoje em dia, é à base do aumento do consumo de drogas entre os jovens. A maconha pode ser considerada uma droga inofensiva, mas não é, pois, ela conduz a dependência psicológica e a outras drogas mais pesadas. Este é o resultado de uma sociedade que entende a felicidade como momentos, o prazer como euforia e a realização como utopia.
Eu trabalho com dependência química, coordeno um grupo de apoio a dependentes químicos. Vejo este problema nas famílias, nas empresas, nas ruas e no mundo aumentando cada vez mais. A família precisa entender, o quanto antes, o que o seu filho será um dia já esta se formando, hoje, na relação com os pais. Na criança, no pré-adolescente já existe o adulto de amanhã em formação. As qualidades essências, aquelas que aprendemos a distinguir as coisas na vida são aprendidas, afetivamente, pelo modelo ainda quando criança. O acesso as drogas atualmente é bem mais fácil, as festas dos adolescentes são verdadeiras feiras de drogas. Recentemente alertei uma colega de minha filha, de dezessete anos, sobre um lugar que elas iriam e que existia muita droga. Ela me disse o seguinte: ”Mas o tio hoje tem droga em todo lugar que a gente vai”. Infelizmente, embora exista um exagero em sua afirmação, isto é uma verdade. Mas existe, ainda, locais onde a droga não faz parte do hábito dos jovens. É uma questão de escolha e também de orientação dos pais.
Mas o que fazer? Mudar esta é a alternativa. Investir com toda boa vontade em um processo de mudança em sua vida. A raiz dos problemas com as drogas esta na família, e a base dos problemas da família esta na estruturação social. Cuidar dos princípios que direcionam a vida dos pais, morais e éticos, a educação responsável e o cuidado com o vínculo afetivo. Entender que o prazer pode combinar com o trabalho, que a realização pessoal deve trazer recompensa financeira. Ter consciência que a semelhança se baseia no parentesco familiar, que o ser humano não é suficientemente autônomo para ter atitudes apropriadas em um ambiente que esta reforçando o seu oposto. E caso você já esteja vivendo o problema das drogas em sua casa, procurar ajuda o quanto antes. Não ter vergonha de expor a situação e pedir ajuda, pois com o tempo a situação pode piorar. Muitas vezes o familiar quer levar a pessoa que tem problema com drogas, mas ela não quer ir. Vá você procurar ajuda. Você irá aprender a lidar com o problema. Para quem se interessou todas as terças feiras às 19h30min no salão social da igreja Presbiteriana do Jardim Augusta, Rua Berna n° 174 existe um grupo de apoio a dependes químicos e familiares. A participação é inteiramente gratuita. O telefone para contato é 39416013. Caso você esteja passando por este problema, nós estaremos lá aguardando o momento em que você decidir pedir ajuda.

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