terça-feira, 24 de março de 2009

A INSUSTENTÁVEL ESTABILIDADE.






José Fabiano Ferraz


O mundo moderno caracterizou-se pelas mudanças que colocaram o ser humano como o centro e princípio dos valores morais e políticos. A modernidade buscou através da razão e da racionalidade libertar as pessoas e torná-las felizes. A razão moderna exerceu uma crítica importante nos sistemas produtivos, na visão mecanicista, autoritária e principalmente nos modelos administrativos empresarias de liderança. A ciência moderna com seu espírito crítico destruiu o autoritarismo e afirmou sua crença no progresso, na ciência, na técnica e na produção. Produzir dias melhores guiados por um ideal de felicidade do consumo, os produtos tornam-se cada vez mais acessíveis às classes que antes apenas podiam olhar nas vitrines. A modernidade sem dúvida oferece ao indivíduo a possibilidade de idealizar um mundo melhor, mais humano, mais feliz e livre das opressões, dos idealismos totalitários que proclamavam a liberdade através do controle. A modernidade trouxe a expansão dos negócios, visando à melhoria das condições de vida das pessoas. Os grandes centros urbanos, com promessas de uma vida farta e melhor. A estabilidade oferecida pelo trabalho nas indústrias, em troca da instabilidade do trabalho rural onde ficavam sujeitos as instabilidades do tempo. Foram períodos onde conseguir um bom emprego trazia a realização para vida. A pessoa podia confiar que aposentaria naquela empresa com um salário que lhe garantia um final de vida tranqüilo.
Um grande ícone da crítica ao início da modernidade é o filme de Charles Chaplin: “Tempos Modernos”. Neste filme Chaplin mostra a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30, após a crise de 1929, quando a depressão atingiu toda a sociedade norte americana, levando grande parte da população ao desemprego e a fome. É uma crítica a modernidade e ao capitalismo representado pelo modelo de industrialização. A crise de 1929 reduziu a produção industrial dos Estados Unidos pela metade, gerou a falência de quase 130 mil estabelecimentos e 10 mil bancos. Mercadorias por falta de compradores eram destruídas, enquanto milhares de pessoas passavam fome. Em 1933 o país tinha 17 milhões de desempregados. Nestes primeiros anos da década de 30 a crise se refletiu por todo mundo capitalista. Em 1932 foi eleito pelo partido Democrático o presidente Franklin Roosevelt, um hábil e flexível político que anunciou um novo curso na administração do país, o chamado New Deal. A prioridade do plano era recuperar a economia abalada pela crise combatendo seu principal problema social: o desemprego. O New Deal juntamente com programas de ajuda social realizados por todos os estados americanos ajudou a minimizar os efeitos da depressão a partir de 1933. A maioria dos países atingidos pela Grande Depressão passou a recuperar-se economicamente a partir de então. Aqui na América do Sul, especificamente no Brasil e Argentina, países pouco industrializados na época foram acelerado o processo de industrialização. O maior abalo que houve foi os grandes produtores de café não conseguirem vender para outros países.
Em pleno século XXI, vivemos uma mudança na visão do mundo, das pessoas e das relações. Vivemos a pós modernidade que esta fundamentada na realidade da vida. Não existe nada fora da realidade da vida, o mundo ideal é desconstruído, pois é visto como uma fuga da realidade. A pós modernidade vê a idéia do mundo ideal, inventado pela modernidade, como a maldição que pesa sobre a humanidade. Inventar um mundo ideal é tirar o valor da realidade. O que podemos sentir em nossa vida cotidiana com essa mudança é, que os valores morais, políticos, sociais estão atrelados as poder econômico. O ideal é negado em função do real. E o real é sustentado por bases econômicas. No mundo pós moderno, não se deve buscar entender a relação ou a lógica das coisas e dos acontecimentos. Se hoje vivemos uma crise mundial, semelhante, mas diferente de 1929, devemos entender que o mundo pós moderno é o mundo das contradições, das diferenças e do supremo valor da realidade enquanto bem maior que possuímos. O emprego fixo, a estabilidade, a ordem e o sentido são formas desatualizadas para este momento da humanidade. A pessoa deve se preparar a cada dia, a cada momento para lidar com a realidade aqui e agora. A pós modernidade é caracterizada pela velocidade das informações, das mudanças e da capacidade de lidar com as contingências. Planejar a vida pessoal de maneira formal, usando estratégias peculiares não é um luxo, mas uma ferramenta de sobrevivência. Melhorar as relações interpessoais deixou de ser um requisito de perfumaria e tornou-se gênero de primeira necessidade. Investir em você como pessoa, e não tão somente como profissional, constitui a máxima deste mundo pós moderno. As empresas, por sua vez, que utilizam a intuição e o bom senso em sua gestão de pessoas não irão sobreviver. Hoje para avançar precisamos da contestação que o diálogo proporciona, para produzir idéias e inovar sempre. Não se trata de apenas rejeitar e apontar as falhas e os problemas, mas, sobretudo de criar e inventar as soluções. E isto somente acontece através das pessoas. O crescimento verdadeiro das pessoas não se constrói apenas no combate ao erro, mas na luta contra as tradições. E hoje o conhecimento é o bem mais precioso tanto das pessoas quanto das empresas.
Por fim, vamos entender que a estabilidade, seja no que for hoje é insustentável. O mundo pós moderno é o mundo do preparo técnico e pessoal. Isso vale tanto para as pessoas como para as empresas. As empresas precisam investir nas pessoas, as pessoas precisam investir em seu crescimento e desenvolvimento emocional. Hoje o mundo apresenta muito mais possibilidades do que antes. Perder o emprego na era da modernidade era a falência de um profissional. Hoje faz parte da contingência, da realidade dessa pós modernidade. Pense diferente, crie, inove, prepare-se para a instabilidade. Recentemente tive uma amiga que perdeu o emprego. Ela mora no Rio de Janeiro. Ela fazia biquínis nas horas vagas e vendia para loja de sua tia em Cabo Frio (Litoral da Região dos Lagos). Foi então que começou a produzir mais biquínis, investiu no negócio, montou um site e hoje sua fábrica produz biquínis para o exterior. Hoje as possibilidades de sobrevivência econômica são maiores e melhores. Invista em você.



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