quarta-feira, 11 de junho de 2008

DIA DOS NAMORADOS, SEM NAMORADO.



José Fabiano Ferraz – Psicólogo – 12 - 39136519

Quantos de nós já não passou por essa situação? Desconfortável e desagradável a angústia que acompanha. Vamos entender essa construção, esse modo meio fantasma que interfere diretamente em nosso humor, podendo nos deixar deprimidos ou ansiosos e eufóricos. Interessante como reproduzimos significados subjetivos com uma corporalidade real e concreta. Por que dói algo que não existe? Interessante como a imagem de um ícone, nos afeta nas pulsações, ficamos ou mais agitados, ou menos agitados, dependendo de nosso entendimento dos acontecimentos. Como podemos ficar angustiados por algo que não existe? Se o namorado não existe, significa que esta data não faz parte do meu calendário comemorativo. Pode ser uma decisão definitiva, ou emergencial. Quando estiver com namorado esta data passa a fazer parte do calendário comemorativo. Pensando racionalmente está perfeita, a solução adequada para problema. Cria-se um significado pessoal e adaptativo sem constrangimentos. O problema é que o afeto é pessoal e intransferível, eu sinto do meu modo, com os meus significados e isto acontece no meu corpo, alterando a pulsação para mais ou para menos. O dia dos namorados, sem namorado é vivido em cada célula com uma pitada de angústia. O que posso fazer? Lidar com essa angústia? Sentir-me ridículo por estar afetivamente abalado por um significado construído no imaginário social? Realmente estas datas comemorativas trazem as duas faces da moeda: dia das mães, dia dos pais, dia das crianças são datas que geram sentimentos ambíguos para pessoas que perderam o motivo de comemorar.
A vida é um processo de aprendizado, se não fosse assim não teríamos chegado a este avanço tecnológico fantástico. Estamos sempre aprendendo, construindo formas para dar conta das situações. O que podemos fazer é aprender a lidar com a angústia. De certo modo, embora possa parecer estranho, precisamos aprender a sentir a tristeza que acompanha estas datas, àqueles que perderam o motivo de comemorarem. Hoje em dia parece que existe uma obrigação de ser feliz, temos que estar sempre rindo e comemorando. Com isso não aprendemos a construir formas, sejam no próprio corpo, sejam nas relações pessoais de viver a tristeza e a angústia. O resultado é o colapso, a pessoa vai segurando, vai segurando até que o corpo entra em colapso e cai diante da depressão ou da ansiedade podendo gerar, dentre outros sintomas, comportamentos compulsivos de comprar, nas mulheres principalmente, como recurso de lidar com o stress.
Mas é possível lidar com a angústia no corpo? Evidente que sim. Preste atenção na sua pulsação. Primeiro identifique a velocidade. Você ficou acelerado? Ou pelo contrário sente-se sem energia e desanimado? Em ambos os casos o próprio corpo produz substâncias químicas que podem nos acelerar ou desacelerar. A ansiedade, no caso da aceleração, pode nos deixar mais vorazes e fazemos as coisas em exagero, comemos demais, bebemos demais, falamos demais, etc. A desaceleração nos deixa desanimada e sem energia, perdemos o interesse pelas coisas e nos entregamos ao momento depressivo que estamos vivendo. É preciso aprender a influir no ritmo e na velocidade do próprio corpo, a respiração é fundamental para isso. Preste atenção em sua respiração se tiver acelerada e curta, procure alongá-la respirando no abdômen. Caminhar ajuda a gastar a energia produzida pelo corpo para lidar com o stress da situação. Principalmente quando se é mais jovem, prevenção e resistência são a chave para mais anos de qualidade de vida. Passar o dia dos namorados sem namorado, desperta um sentimento natural em todos nós, o desejo de ser amado e a falta desse amor. É importante agenciar emocionalmente e socialmente a viagem por este sentimento. Esta semana tive a oportunidade de ouvir algumas moças na faixa de seus vinte e poucos anos, conversando sobre como iriam passar o dia dos namorados sem namorado. Falavam do peso que gera no corpo, pois tudo: televisão, rádio, outdoor vem acompanhado de coraçãozinho, presentes para ele ou para ela. Por mais que queiram esquecer não dá. Todos passamos por isso, pois somos seres afetáveis e nos afetamos com o ambiente. Ainda mais com o bombardeio de propagandas e incentivos ao consumo no dia dos namorados. É preciso ter consciência de que não estamos sozinhos, pois quando passamos por um sentimento desagradável, achamos que somos somente nós no mundo é que estamos vivendo esta situação.

Nenhum comentário: