segunda-feira, 6 de abril de 2009

O STRESS DA PERDA


José Fabiano Ferraz
Algumas pessoas me perguntam como fazer para viver sem stress. É claro que não sei a resposta de como a pessoa deve fazer para viver sem stress. Mas existem alguns conhecimentos da psicologia que facilitam entender alguns comportamentos. Isso não quer dizer que resolve o problema, ou que tem uma fórmula para resolver o problema. O que a psicologia pode fazer e, procura fazer é entender cada vez mais o existir humano. O conjunto, o todo, a vida que nos preenche. Assim podemos ter algumas pistas de como estamos lidando com as nossas vidas. Quando passamos por momentos de perda: uma pessoa querida, um amigo ou parente; quando perdemos a ocupação, o sustento aquilo que nos dá a garantia da vida. Hoje nossa vida é cada vez mais cara. Sentimos ameaçada nossa sobrevivência.
Então vejamos o que a psicologia pode nos ajudar a entender na situação de perda. Vamos analisar o fenômeno. Todas as situações que ameaçam nossa sobrevivência acionam automaticamente um sinal de alerta em nosso cérebro. Toca uma sirene lá em cima no cérebro, avisando que a sobrevivência do corpo esta ameaçada e todo nosso ser esta em alarme. Uma coisa em especial nos importa aqui: é o reflexo do corpo com comportamentos enfrentativos do stress. Primeiro a agressividade. Claro nosso corpo esta mobilizado para caça, para o ataque. Correr, energia nas pernas, sabe aquela impaciência nas pernas. O seu corpo esta dizendo para você que ele quer correr e caçar. O coração pode disparar mais sangue para os músculos. Imagina você ter que caçar o seu próprio alimento, ter que enfrentar o seu inimigo no braço. Precisarão de força nos músculos, rígidos para bater, socar, agredir. Como o contexto não permite que você faça dessa maneira física. Então você prende em si mesmo todos os gestos naturais de caçar e de lutar. Dores passam ser a conseqüência. O corpo sempre procura uma solução. O segundo tipo de comportamento trata-se de conter para dar o bote. O corpo em sua sabedoria natural e instintiva aumenta a pressão interna e contém – contrai -, para que a energia acumulada seja usada para dar o bote certeiro na presa. Como nossa selva é de pedra e nossa presa é mais subjetiva do qualquer outra coisa, surge o comportamento de guardar dentro de si e não dividir. Tem como conseqüência o aumento da pressão interna no corpo. Surge o medo de se sentir inadequada e inapropriada. Este tipo de comportamento leva a pessoa acreditar que esta sempre sendo avaliada, julgada e condenana. Em momentos de stress tende a se fechar. Vira uma panela de pressão. Um terceiro tipo colapsa totalmente, desmancha diante do stress. É uma reação de enfrentamento quando o inimigo é maior do que nós. O corpo desmancha e colapsa como um gesto de defesa. Aqui a questão não esta na agressividade ou na pressão, pelo contrário, esta na falta destas duas coisas. O que existe é um desânimo, uma falta de energia, um enfraquecimento interno. Tristeza, amargura e, às vezes, a culpa que derrubam a pessoa e a deixam sem força. Veja bem, é importante entender que todos os comportamentos de enfrentamento do stress, podem ser eficazes desde que no momento apropriado. Esta terceira forma se acompanhada das outras duas formas, a agressiva e a contida, esta no mais natural dos processos humanos. Recapitulando! Ficamos agressivos para buscar o alimento, caçar e nos defender do inimigo para nossa sobrevivência. Temos que conter nossas energias, guardar na pressão para explodir em gestos de ataque. Depois de conseguido a caça, o corpo desmancha e deixa descansar.
Acredito que assim você possa entender um pouco mais o que acontece quando está vivendo o stress dos momentos de perda. O corpo é o representante legítimo do que você sente. O que acontece em seu corpo tem um significado existencial. Procure descobrir o fenômeno, em sua vida, que esta abalando as fronteiras de seu corpo. Procure ajuda se precisar. Não é vergonha nenhuma solicitar ajuda de um profissional para lidar com o stress. Sabe por quê? Existem, cada vez mais, componentes subjetivos envolvidos em nossa luta pela sobrevivência. As questões da pós-modernidade são complexas e diversificadas.

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