quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

RENOVAÇÃO PSICOLÓGICA.




José Fabiano Ferraz - Psicólogo.


Gosto muito da idéia de renovar, pois indica que estamos aproveitando o que temos e renovando. Não precisamos ser outra pessoa para renovar, não precisamos abandonar características importantes de nosso ser para renovar. Renovar indica que a partir do que temos iremos acrescentar e melhorar. Algumas pessoas não procuram o processo de psicoterapia, pois acreditam que o psicólogo tentará transformá-la numa outra pessoa. O processo de psicoterapia é, sobretudo, um processo de autoconhecimento, e o que a pessoa vai fazer a partir deste autoconhecimento é de inteira responsabilidade dela.
O que você apresenta ao mundo é o melhor que você construiu no seu processo de vida. Quando a pessoa pensa em mudar sua vida, ela imagina que tem de mudar sua pessoa como um todo. Não é bem assim. Gosto do exemplo da mudança de residência e, acredito que a grande maioria das pessoas já viveu a experiência de mudar de residência. Quando você muda, de residência, você precisa tirar tudo do lugar e geralmente descobre que guarda um monte de coisas de que não precisa mais. Por outro lado não consegue desfazer dessas coisas, pois esta apegada a elas, geralmente por um conteúdo emocional. Na mudança de residência, você também descobre que irá precisar de algumas coisas, que você ainda não tem, para viver na nova residência. Mesmo que você não consiga adquirir no momento, por situações que independem de sua vontade, você está consciente da sua necessidade de adquirir coisas novas neste processo de mudança. Muitas vezes acontece de você descobrir no meio da mudança, que tem algo que estava encostado e que pode lhe ser muito útil, mas que você nem se lembrava mais dele.
Este exemplo é muito bom quando pensamos em processo de mudança de vida. Pois isto acontece em nossa vida psicológica. Às vezes em meio ao processo psicoterapêutico, descobrimos que guardamos alguns sentimentos, alguns padrões de comportamentos adquiridos na infância, e veja bem, que foram muito úteis naquela época de nossa vida, mas que hoje não serve mais para nosso contexto atual. Eu às vezes digo que são formas que possuímos e estão com o prazo de validade vencido. A pessoa apegada a estas formas sente que se deixarem estes sentimentos e estas formas para trás, deixará de ser ela mesma. Às vezes são características que considera como qualidades. Por exemplo: seus pais ensinaram que você deve ser prestativo e ajudar sempre as pessoas, isto sem dúvida é uma qualidade. Mas quando adulto se você não consegue dizer “não” e colocar limites, pode acabar tendo problemas, e, quem sabe, essa “qualidade” torna-se um “defeito”. Você fica cheio de coisas para fazer, principalmente no trabalho, sente-se explorado pelas pessoas, mas não consegue mudar esta característica.
Também ocorre em nossa vida psíquica, a situação de precisar desenvolver algumas características que não possuímos. Um caso muito freqüente, que ocorre hoje em dia, é a característica da iniciativa e tomada de decisão. Algumas pessoas por uma questão de contexto social e familiar, não desenvolveram estas características em sua vida. É importante esta consciência de que precisam desenvolver algo que não tem. Como também é importante entender que, no campo psicológico, isto não acontece de uma hora para outra. Precisa praticar e experimentar, aprender com o método da tentativa e erro. Isto significa que você vai tentar, e se não tiver êxito, poderá rever seu modo de agir e tentar novamente e assim sucessivamente até adquirir esta forma, este padrão de que você precisa.
E finalmente, no processo de psicoterapia, a pessoa descobre características psicológicas importantes para sua vida, que pode ajudar muito, que ela possui, mas que estavam esquecidas em algum esconderijo de seu inconsciente. Características que foram guardadas no inconsciente por razões talvez até desconhecidas, para proteger a sobrevivência do “eu”. Já presenciei casos, no consultório, de pessoas que trouxeram para a vida características como: alegria, descontração e espontaneidade, que estavam esquecidas no porão do inconsciente devido a uma criação rígida, formal e conservadora vivida na infancia.
As qualidades de ontem podem ser o problema de hoje. Os defeitos de hoje podem ser o aprendizado para o amanhã. Sem dúvida, existem características que nos ajudam a evoluir e crescer como ser humano, precisam ser praticadas. Também é preciso tomar muito cuidado com as regras de comportamento que são ditadas. A vida é um processo e estamos construindo a nós mesmos durante todo o processo de viver. O importante é ter consciência do sentido das coisas que fazemos, e estar apropriado dos efeitos de nossas atitudes e de nossas escolhas. Todos têm qualidades e defeitos, como também pontos fortes e fracos, até aí nenhuma novidade. Mas algumas pessoas conseguem lidar com seus próprios defeitos e até mesmo superá-los e outras não. Alguns conseguem aprender com seus pontos fracos e melhorar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostaria de dar um exemplo do que foi dito. Qdo eu estava passando por um momento difícil em minha vida foi-me recomendado fazer uma busaca pscicológica,mas eu achava que isso era coisa p/ doido,e ñ era o meu caso. Como o problema piorou, tive que enfrentar a pscioterapia. No início foi bem difícil, mas com o tempo descobri que só tinha a ganhar, pois passei a ver muitas coisas que estavam guardadas dentro de mim que me faziam muito mal e que,até então, nem me dava conta delas. Tirando-as de seus esconderijos pude olhá-las de frente e lidar melhor com seus efeitos em mim. Isso melhorou muito minha qualidade de vida.