quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

DEZEMBRO O MÊS DA FRATERNIDADE.


José Fabiano Ferraz - Psicólogo - 12 - 39136519

Chegamos ao mês de dezembro, natal, festas e confraternizações. Um sentimento de oferecer ao outro o melhor de nós, seja um presente, um gesto, uma palavra, um abraço, etc. Mas este sentimento que invade as pessoas nesta época do ano é digno de confiança? Será que as pessoas mascaram sua verdadeira condição humana para ficar bonzinho em dezembro, pelo que este mês representa? Fazer caridade e fraternidade em dezembro é apenas uma necessidade social? Estas são questões que muitas vezes são levantadas nesta época do ano. Quero refletir com você sobre, a fraternidade, este sentimento que se expressa nas pessoas, movidas pela data de 25 de dezembro o nascimento de Jesus Cristo.
O que vemos muitas vezes em nosso ambiente mais próximo são o cuidado e o carinho que existe às pessoas que amamos. De certa forma até desigual em relação aos demais. Uma lealdade, às vezes, cega de ajuda no relacionamento entre mãe e filho, irmãos e casais. São fortes laços de afeição e empatia que ficam reduzidos a um circulo restrito de pessoas. Quando falamos de fraternidade, devemos obrigatoriamente por de lado nossas preferências e prováveis recompensas por nossos atos. O sentimento de caridade universal, não é indiferente as interações e não se exime da responsabilidade pelo outro. Vemos então que a caridade esta acompanhada, inevitavelmente, da justiça e da misericórdia. Estamos falando da bondade que se fundamenta na justiça, que pode sempre ser aperfeiçoada contra as suas próprias durezas. É na responsabilidade pelo outro, que a pratica da fraternidade torna-se possível em sua busca inflexível e corajosa de justiça. Estamos falando, portanto, da democracia ideal em que cada um leva muito a sério o bem do todo. Coisa que salvo momentos de catástrofes, estamos longe de conseguir. Justiça, neste contexto, é agir para que todos tenham o que é seu direito, a fraternidade, no que se refere ao valor de todos os homens. Mas somos colocados a prova quando enfrentamos o que sentimos por nossos adversários. Quando precisamos exercitar o respeito por opiniões diferentes das nossas, e principalmente pelas pessoas que as defendem. O respeito pelo meu inimigo, provavelmente me levará ao nível de humanidade e ideais onde ele e eu temos alguma coisa em comum. Quando o respeito prevalece compreendemos que fazemos parte de um mesmo roteiro evolutivo da humanidade. Fraternidade neste nível é um crescimento da alma, que acaba por unir todos os homens e sobrevive a morte pessoal.A fraternidade manifesta-se em nosso espírito quando estamos insatisfeitos. Quando estamos indignados com as coisas que acontecem ao nosso redor e, ficamos cansados de lutar pelos próprios interesses. Quando nos sentimos solitários por falta de contato emocional e, frustrados na expressão de nossos sentimentos de bem querer o outro. A verdadeira fraternidade é a maior responsável pelas lutas e batalhas sociais. É quando aceitamos os desafios que envolvem as causas sociais, quando exigimos a justiça e não a vingança. O sentimento de respeito e responsabilidade para com o outro, a disposição em morrer pelo outro é parte da natureza humana. Portanto, o sentimento de fraternidade é digno de confiança, libera a pessoa de sua atitude de defesa abrindo-se a reações positivas e construtivas ao bem comum. Ela esta presente quando somos solicitados a ajudar vítimas de catástrofes, quando nos dispomos à voluntariamente entregar nosso tempo a causas sociais. Mas a caridade é impossível sem a justiça, e a justiça se deforma sem a caridade. O amor ao outro é, sem dúvida, uma necessidade da própria existência humana. A consciência de nossa humanidade esta no acolhimento, na obrigação e no respeito ao outro, é o outro primeiro esta é a questão básica de uma consciência de fraternidade. Somos parte de uma longa busca humana, conduzimos dentro de nós toda a história do próprio universo que faz parte do inconsciente coletivo da humanidade. Por fim entender que a verdade é que nós e o outro somos um só, que não existe separação, que nós e o estranho somos dois aspectos de uma só vida. Como diz Campbell, em seu livro o poder do mito: “O herói é aquele que deu sua vida física a algum tipo de concretização dessa verdade.”

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