terça-feira, 12 de agosto de 2008

A BUSCA DA FELICIDADE







José Fabiano Ferraz - Psicólogo - 12 39136519 -


A busca da felicidade motiva boa parte de nossas ações, estamos incansavelmente procurando o que nos faz mais felizes, mas para a maioria das pessoas essa conquista parece distante e extenuante. O que te faria mais feliz? Uma casa própria, ou uma casa maior; ter um carro, ou um carro melhor; ter uma pessoa que você ame e que se sinta amado; ter riqueza e fama; concluir seus projetos de vida; uma promoção no trabalho; o reconhecimento das pessoas? Pare e pense por um momento, qualquer que seja a sua resposta, pesquisas na área de psicologia sugerem que nada disso tem relevância em melhorar ou aumentar sua felicidade de forma significativa. Para Freud a felicidade é algo passageiro, só ocorre em momentos de trégua entre os conflitos e as dificuldades inerentes do dia a dia. Filósofos, psicólogos, economistas e mais recente neurocientistas, tentam entender a felicidade medi-la e reproduzi-la. Entre os neurocientistas não foi encontrado o “centro neural da felicidade”; os economistas não conseguem medidas objetivas da felicidade, quantificar como o produto interno bruto, por exemplo; os psicólogos se enroscam nas diferenças culturais que dificultam as generalizações.
Hoje existe uma discriminação das pessoas que não são felizes, a felicidade deixou de ser um direito e tornou-se uma obsessão. E esta tirania da felicidade não é algo recente, começa no século XVIII quando a satisfação deixa de ser um direito para se tornar um dever, passando da condição de contingência para a de obrigatoriedade. O que podemos constatar é que a questão da felicidade ainda se impõe como um enigma e desafio a sociedade moderna. Existe uma tendência na sociedade capitalista, que atualmente coloca a questão econômica acima de outros fatores da vida, ter a felicidade como um produto que pode ser adquirido no mercado. Nada melhor para uma sociedade estruturada no valor econômico, do que transformar o prazer em ideal coletivo e obrigatório. Em seu livro “A Euforia Perpétua“ Pascal Bruckner denuncia a fragilidade e crueldade do “dever da satisfação”. Ele coloca que a pessoa obcecada em conquistar a felicidade, como uma propriedade, sofre em dobro e se distanciam das pequenas alegrias da vida. Em pleno século XXI, com a ascensão do consumo, o acúmulo de capital como meta de vida, e a revolução social em nome do prazer e da alegria vivemos o individualismo. As pessoas distantes dos laços fraternos e humanitários, e apologia do interesse pessoal sempre colocado acima do coletivo. A busca do prazer individual a qualquer custo.
Mas a felicidade real, aquela que experimentamos em cada célula de nosso corpo, muda de acordo com cada um, de acordo com a época e com a idade. E o mais importante, esta na simplicidade encontra-se no despertar de cada dia, na vida que ganhamos a cada dia. Do contrário, a felicidade, é um vazio a ser preenchido, mas jamais concluído. A felicidade está em nos surpreender com as coisas na vida, viver o inesperado e buscar desafios. Situações que nos forçam a viver o momento presente, concentrar nossa atenção em algo específico que traga realização pessoal e o bem comum. Encontramos a sensação de ser feliz quando tornamos o maior número possível de pessoas felizes. Isto é diferente de estar feliz, de ter a felicidade como um momento onde burlamos a angústia e o vazio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como seria bom se uma boa parte das pessoas olhassem para a questão da felicidade dessa maneira que você a descreveu. Muitos veriam que estão mais perto da felicidade do que imaginam,e que está em nós mesmos encontrarmos o caminho para senti-la.