quarta-feira, 26 de novembro de 2008

MAIS UMA CRISE MUNDIAL! E AGORA?




José Fabiano Ferraz - Psicólogo - 12- 39136519.


O desenvolvimento tecnológico gera profundas alterações na economia mundial. Uma delas que podemos presenciar em nosso dia a dia, é que perdem valor as coisas tangíveis e passam a ser valorizadas as intangíveis. As máquinas, matéria prima, prédios e outros bens convencionais estão sendo substituídas pelas células, fibras óticas, automatização, programas de computação, engenharia genética, isto só para citar alguns desenvolvimentos tecnológicos que geraram uma verdadeira mutação econômica e social. As empresas com dificuldade de adaptação ao novo modelo econômico são candidatas naturais, a enfrentar graves crises com perspectivas sombrias de seu futuro. Temos agora os Estados Unidos como pivô de mais uma crise mundial. E neste momento difícil da economia norte americana surge à aposta em um líder carismático, valorizando a ideologia capitalista e democrática como sendo a alternativa para sair da crise criada por esta própria ideologia. A proposta esta sustentada no afetivo e emocional das pessoas, mais particularmente dos norte americanos, destacando a vontade e o nacionalismo como vetor fundamental para superação da crise. Deixa de ser um problema inteiramente econômico social e assume características emocionais, que envolve a nação num desejo de “nós podemos ser melhores”.
Mais do que um pacote econômico, com congelamento de preços ou alternativas terceiro mundistas, destaca-se uma idéia apresentada na força dos ideais norte americanos. Estamos diante de um exemplo clássico da valorização das idéias, da não matéria em detrimento da concretude de uma proposta puramente econômica. É uma alternativa de sair da crise em conformidade com a mega tendência de valorização do conceito de não matéria. Apenas alguns pequenos exemplos para reforçar esta mega tendência: o meu avô se barbeava utilizando uma navalha, meu pai utilizava uma lâmina de barbear inventada por Gillette e hoje eu uso aparelhos descartáveis de barbear. Uma busca pela não matéria. Como professor universitário eu vejo os alunos com sues note books dispensando as apostilas e livros. Temos as máquinas fotográficas descartáveis. Hoje a grande maioria dos hotéis não possui chaves para os quartos e sim cartões magnéticos. Podemos preencher mais algumas folhas com exemplos de não matéria sendo o valor principal de nosso século.
As organizações que acompanham as mega tendências, estão conscientes que o seu valor não se mede mais em termos de seu patrimônio físico, seja ele constituído de dinheiro, prédios, máquinas, terras ou outros mais. Hoje uma empresa valerá mais do que outra em termos de comparações que envolvem a não matéria, ou seja, em relação à capacidade intelectual de seus recursos humanos. Estes são valores que não se sabe como contabilizá-los. O capital financeiro, recurso estratégico da sociedade industrial, é substituído, na sociedade informatizada, pelo capital humano. Isto requer uma nova concepção por parte das organizações, mais fluída, flexível e principalmente ágil no aproveitamento do tempo e adaptação às mudanças. No atual quadro econômico, a adoção desta nova concepção é uma questão de sobrevivência. Não só para as grandes empresas, mas também para as pequenas organizações. Portanto precisamos aprender a investir na capacitação e intelectualização do capital humano. Pois ele é, com certeza, o principal recurso para sobreviver em tempos de crise. As pessoas na organização devem ser capazes de fazer julgamentos, adotar decisões em vez de executarem mecanicamente ordens transmitidas. Mesmo porque as empresas precisam superar as barreiras da comunicação e incentivar a inovação. Em tempos de crise a educação é o fator decisivo da sobrevivência de uma empresa, pois os recursos financeiros e concretos de uma organização são finitos, mas nós sabemos que a informação e a aprendizagem são infinitas. O que as pessoas podem dentro de suas habilidades surpreenderá qualquer expectativa, desde que ela tenha o devido preparo técnico, pessoal e motivacional. O empresário que corta custos de treinamento em tempos de crise, esta na contramão das mega tendências e terá o seu negócio ameaçado a cada crise. Mais uma vez os Estados Unidos utilizam sua potencia ideológica, em busca de alternativas da superação de sua crise econômica. Copiamos muitas coisas dos norte americanos, que possamos aprender algumas lições de como enfrentar problemas econômicos utilizando o capital intelectual.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EFICAZ.




José Fabiano Ferraz - Psicólogo -12 - 39136519


Podemos entender o comportamento eficaz como aquele que esta em harmonia com o ambiente e as relações interpessoais, possibilitando uma melhoria na qualidade de vida das pessoas que se inter-relacionam conosco e, proporcionando a nós mesmos uma adaptação saudável. Para atingir esta harmonia devemos ter um repertório de comportamento amplo e variado, para fazer os ajustes necessários em nossas atitudes (e quando falamos em atitudes estamos nos referindo aos estados internos de nosso organismo) dando a resposta mais adequada à situação. Não podemos pensar em comportamento eficaz sem, necessariamente, pensar em mudança em nossa forma. Com isso estou querendo dizer que não podemos eleger alguns comportamentos como formas absolutas, de sermos eficazes em nossa proposta de vida. O comportamento eficaz irá variar de acordo com o ambiente, a situação, o objetivo e a localização espaço temporal em que nos encontramos. Vou dar um exemplo: nós sabemos que a irritação e a conseqüente agressividade são comportamentos que refletem nossa incapacidade de lidar com a situação. Irritamo-nos, geralmente, com situações que fogem ao nosso controle e muitas vezes não temos como mudar as condições externas que as ocasionam. Nestas situações a única coisa que podemos fazer é, lidar com a irritação em nós. Pois nós podemos mudar a maneira como estas situações nos afetam. Nós somos afetados pelas circunstâncias externas; algumas vezes podemos modificar essas situações, outras vezes podemos evitá-las, mas na maioria das vezes temos que vivenciá-las. Principalmente quando se trata de situações no ambiente profissional. Portanto o comportamento eficaz é sempre focado em minha presença no aqui e agora. Tenho que aprender a olhar e a conversar comigo mesmo, num papo franco e honesto, identificando as minhas questões pessoais e aprender a lidar com essas questões. Vamos ver outro exemplo: você teve um problema com a avaliação que seu líder fez sobre seu desempenho. Você acredita que ele não foi justo à análise que fez de seu desempenho. Você então procura seu líder e, solicita explicações sobre os critérios utilizados na avaliação. Quando ele começa a explicar, você vai ficando irritado e nervoso com as argumentações que ele faz, seu pensamento reforça a posição de que ele esta sendo injusto e ineficiente na avaliação que esta fazendo. Automaticamente você começa a imaginar que ele tem alguma questão pessoal com você, que ele esta protegendo algumas pessoas de sua área, que ele é um chefe de tribo, de bando e não um líder de equipe. A esta altura você não esta mais ouvindo o que ele esta falando, perdeu a propriedade da emoção e a condição de gerenciar a sua revolta e sua irritação com seu líder. Quando isto acontece, fatalmente nosso comportamento estará prejudicado pelo nosso descontrole emocional. Nesta situação ou você se cala, sai de cara emburrada, insatisfeito candidato a uma úlcera, gastrite ou coisa do gênero ou, você num arroubo emocional coloca toda sua insatisfação e sua ira para fora. O que seria um comportamento eficaz nesta situação? Gerenciar suas atitudes, ficar atento as reações internas de seu organismo, a tensão, a respiração, a impaciência, intolerância, arrogância e administrar estes estados emocionais. Todas estas reações emocionais podem ser gerenciadas, é uma questão de aprendizado. Apropriado de suas emoções, cuidando de sua presença neste momento, você poderá, com toda certeza, construir argumentações sobre o seu ponto de vista.
O comportamento eficaz terá alguns princípios norteadores, para concretizar o plano estabelecido por nós mesmos para nossa vida. O conceito de eficácia está ligado à conclusão dos objetivos propostos. Vamos ver então alguns princípios importantes para eficácia de nosso comportamento.
A) Confiança é algo que devemos ter em relação à escolha que fizemos. Pois ao fazer uma escolha, estamos naturalmente fazendo renuncias. Precisamos estar conscientes de que vamos seguir um caminho que envolve mudança, e toda mudança é acompanhada de insegurança. Quando buscamos nossos objetivos de forma planejada, precisamos estar seguros da escolha que estamos fazendo. Iremos sair da zona de conforto na qual nos encontrávamos e nos arriscar. Mas o planejamento de vida é justamente para evitar o comportamento irracional e impulsividade. Portanto é um risco planejado.
B) Determinação só existe com a prática, prosseguir nossa caminhada apesar das dificuldades, tanto internas quanto externas. É a determinação que nos faz buscar superar nossas limitações, nos da esperança nos momentos difíceis e nos ensina a pedir ajuda, fazer o tão necessário network. Quando sentimos medo precisamos de determinação para enfrentar este momento e seguir em frente. Quando nos sentimos vulneráveis e frágeis, precisamos de determinação para seguir no sentido que planejamos nossa vida.
C) Sinceridade é fundamental, principalmente no que se refere a nós mesmos. Para admitir a natureza exata de nossas fraquezas precisamos ser sinceros. São constatações dolorosas que precisam ser honestamente verificadas. È comum a pessoa se achar muito mais capaz do que realmente ela é. Capacidade é algo que adquirimos, todos temos potenciais a serem desenvolvidos, mas podem estar adormecidos devido a dificuldades pessoais. Às vezes mascaramos estas dificuldades com a prepotência, o orgulho e o comodismo. Estas são características que temos dificuldade de assumir, mas que podem prejudicar na eficácia de nosso planejamento de vida.
D) Comprometimento é demonstrado pela ação concreta que temos com nosso planejamento de vida. Falsos compromissos, que muitas vezes assumimos em nossa vida, apenas por conveniência, pois sabíamos que não manteríamos nos momentos difíceis. Cada passo que damos no planejamento de vida revela o nosso compromisso. Arranjar parcerias, trabalhar os passos que planejamos buscar a capacitação necessária são ações práticas que demonstram nosso compromisso.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A ESPERANÇA ESTÁ FORA DE MODA?





José Fabiano Ferraz - 12 - 39136519


Certa vez ministrando uma palestra, sobre a esperança no trabalho, uma pessoa disse-me, hoje a esperança esta tão fora de moda. Trabalho em consultoria de desenvolvimento humano nas empresas e buscamos, em nossos treinamentos, o aperfeiçoamento e a evolução contínua da pessoa como profissional e cidadão, responsável por sua qualidade de vida e de seu ambiente. Comecei a fazer um estudo dos aspectos que podem ser considerados positivos no ambiente de trabalho, e que ajudam na promoção da saúde. Foi sem grande esforço que pude observar a subjetividade como fator determinante, no estado de esperança, da pessoa ao interpretar as situações de seu dia a dia. Vamos parar agora, por um momento, e verificar se no seu ambiente de trabalho existe otimismo, autoconfiança e envolvimento nas situações, fazendo com que a resposta aos conflitos e problemas do dia a dia seja positiva. Do mesmo modo faça uma reflexão e veja se a raiva, a hostilidade, frustração e pessimismo, que também são estados subjetivos e de igual maneira afetam os estados de esperança, estão presentes no modo de interpretar as situações.
Existem vários estudos que apresentam a esperança como fator positivo no enfrentamento do stress e das situações do dia a dia nas organizações. Estes estudos definem esperança como “um conjunto cognitivo baseado na sensação de êxito na determinação e planejamento de objetivos”. Vamos ver alguns exemplos do que estamos falando: Se você se encontrar em um beco sem saída, pensar em muitas saídas; Buscar seus objetivos de forma enérgica; Entender que há muitas formas de contornar qualquer problema que esteja enfrentando agora; Se considerar bem sucedido; Pensar em várias maneiras de atingir seus atuais objetivos. Estes são estados de esperança que podem e devem ser desenvolvidos nos indivíduos. Alguns estudos constatam: “líderes esperançosos possuem unidades de trabalho mais lucrativas e melhores índices de satisfação e de estabilidade dos liderados, do que os líderes com níveis baixos de esperança”.
Pesquisas realizadas com enfermeiros, professores, universitários e pastores, verificaram que as pessoas que se mantêm ativamente envolvidas em seu trabalho, com alto grau de esperança, enfrentam as dificuldades inerentes ao trabalho numa relação significativa de bem estar e qualidade de vida. Constataram que a esperança propicia um estado subjetivo, da convicção de que se tem a força e capacidade para atingir seus próprios objetivos no trabalho. Os resultados apresentaram uma tendência a associar atividades de liderança com o desenvolvimento de esperança nas pessoas lideradas. Os pesquisadores concluíram que os líderes podem utilizar de intervenções para melhorar a esperança dos indivíduos de seu grupo, e que essas intervenções podem melhorar a saúde, e conseqüentemente o desempenho de sua equipe.
A partir da definição de esperança, da escala de estados de esperança, e das conclusões dessas pesquisas, chega-se a conclusão que os líderes podem:
a) ajudar as pessoas de seu grupo a buscar seus objetivos com entusiasmo;
b) ajudar a encontrar soluções para os obstáculos ao atendimento dos objetivos;
c) negociar estes objetivos e não impô-los autoritariamente;
d) oferecer os recursos necessários para consecução dos objetivos, realização das tarefas e solução de problemas.
e) informar o papel da pessoa dentro do contexto produtivo, das possíveis mudanças nas prioridades da organização, como também potenciais mudanças nos recursos disponíveis.
f) gerenciar o processo de negociação desse papel, e a adoção da tomada de decisão participativa.
Um ambiente onde a prática do diálogo, da transparência e da relação de confiança é reconhecida como fator importante, estará promovendo estados de esperança. Conseqüentemente isto refletirá um ambiente sadio, agradável e harmonioso. Pensando bem a esperança não esta fora de moda, vejo a importância de falarmos sobre isso não só nas empresas, instituições de ensino e organizações sociais, mas principalmente nas famílias. Faça uma reflexão e veja se o que esta coluna traz pode ser aplicado em seu lar, seu trabalho e sua rede social.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A ESSÊNCIA DA SAÚDE HUMANA.




José Fabiano Ferraz - Psicólogo - 12 - 39136519



Quando falamos de saúde, nos dias de hoje, logo nos vêem a idéia de qualidade de vida. Devemos pensar qualidade de vida como um conceito ou um estilo de vida? Como conceito corre-se o risco de entrar no terreno da idealização, algo que entendemos, teoricamente, mas não conseguimos aplicar em nossa vida. O que muitas vezes ouço é: “a teoria é uma coisa, mas na prática é outra”. A teoria é uma leitura da prática, quando teoria e prática não coincidem podemos entender que: ou a teoria esta equivocada em sua leitura, ou não conseguimos praticar os conceitos da teoria. A fragmentação entre teoria e prática é um artifício, utilizado para justificar nossa dificuldade em aplicá-la. Qualidade de vida é um conceito sobre um estilo de vida, que apresenta a saúde humana como um processo ligado a existência de cada pessoa.
A enfermidade foi determinada ontologicamente como uma privação da saúde. Neste caso o conceito predominante é o de doença, no qual saúde é ausência de estados negativos e não a presença de estados positivos. Desse modo a doença é vista como uma fatalidade, um infortúnio do destino, uma herança ou até mesmo um carma. Com o desenvolvimento do conceito de qualidade de vida, a enfermidade deixou de ser entendida, simplesmente, como ausência de saúde e passou a ser um modo de existir em que a saúde falta, não está presente no cotidiano da vida de cada pessoa. A pessoa doente, no conceito de qualidade de vida, tem necessidade de saúde, ou seja, carece de saúde. O estar bem, estar saudável, neste modo de ver, não está simplesmente ausente, mas esta perturbada. Isso modifica o entendimento, tanto do conceito de doença como o de saúde. Tira a idéia da doença como fatalidade, e coloca a responsabilidade pela construção de uma vida saudável nas mãos da pessoa. Quando trabalhamos com o conceito de qualidade de vida, entendemos que a manifestação de uma doença são ocorrências que se mostram no organismo, e que, ao se mostrarem são indícios de um disfuncionamento do processo de viver. O aparecimento destas ocorrências revela uma privação da potencialidade da pessoa, a expressão de seu potencial encontra-se velada em sua própria existência. Portanto ao se trabalhar com qualidade de vida, entendemos que a manifestação de uma doença é, na verdade, o indício de algo que não se mostra. O distúrbio, as perturbações do organismo é a forma de anunciar algo que não esta aparente. Embora não seja aparente está presente, existe objetivamente na realidade da pessoa. A manifestação de uma doença deve ser entendida como um processo, que possui uma história, construída no modo de existência da própria pessoa. Aprendido através de associações emocionais e máximas racionais. É quando engolimos o choro, sufocamos a tristeza, impedimos o desejo, sacrificamos o prazer, por razões sociais, culturais e dogmáticas.
Não produzimos qualidade de vida por decreto, normas, regimentos ou qualquer coisa desta natureza, como muitas empresas buscam, de forma bem intencionadas, fazer. Não construímos qualidade de vida a partir da modificação pura e simples do ambiente a nossa volta. Vejo caso de algumas organizações que modificaram seu layout, investiram no ambiente deixando-o mais arejado, limpo. São medidas importantes para reduzir o desconforto e insatisfação, mas que não garantem a mudança pessoal necessária para uma vida com qualidade. Existem pessoas que mudam para o litoral, ou para serra, quando assim podem fazê-lo, na esperança de obterem mais qualidade de vida. Uma medida importante, mas que se não estiver acompanhada de mudança em seu modo de viver não garante, por si só, a qualidade de vida. É preciso apropriar-se de si mesmo, de sua existência, seus padrões de comportamento, principalmente daquilo que não se mostra na aparência, mas que está presente no sentido do que fazemos. Portanto é importante, se apropriar sempre do sentido de nossas atitudes, nosso comportamento, nossos gestos, da forma que nosso corpo se organiza nos encontros com a vida. É a qualidade de minha presença, que constrói a qualidade de minha saúde na vida. Por isso é importante observar a si mesmo, com um refinamento cada vez mais sofisticado, para vivenciarmos o momento. Ansiedade é o medo do que esta por vir, é o medo sem razão no aqui e agora, angústia é o sofrimento pelo que aconteceu ou deixou de acontecer num tempo que já passou. O presente é o meu possível, é onde posso ser e fazer as coisas em minha vida e, a qualidade da minha presença no meu presente revela a essência de minha saúde.