quarta-feira, 30 de julho de 2008

CONSUMO COMPULSIVO – SOU UM COMPRADOR COMPULSIVO?


José Fabiano Ferraz - Psicólogo - 12 39136519

Vamos falar de um fenômeno socialmente aceito, mas que hoje em dia a medicina entende como uma doença a oniomania ou o consumo compulsivo. Mas como saber se sou um comprador compulsivo? Como diferenciar o simples fazer compras da doença? Existem alguns comportamentos que indicam a necessidade de buscar uma ajuda especializada, para lidar com o problema. Pessoas que não conseguem passar por uma loja, sem adquirir um produto parecem hipnotizados diante das vitrines, a pessoa compra pelo impulso, por não resistir a uma liquidação, por exemplo, mesmo que não haja necessidade. Quando não consegue organizar suas contas, vive sufocada pelas dívidas, recebe o salário no final do mês e já está comprometido e não se lembra com o quê gastou. Quando a pessoa é levada a realizar o comportamento de comprar, por uma coação interna que ela mesma exerce, sente-se manipulada pelo próprio pensamento. O consumo compulsivo é um assédio que seduz a consumir para reduzir a angústia. Não fazer, não realizar o comportamento gera ansiedade, que automaticamente aumenta a excitação e o desconforto, a pessoa não consegue ficar sem comprar alguma coisa. A compulsão pelas compras, muitas vezes, está relacionada a problemas psicológicos que envolvem dificuldade de relacionamento. Existem pesquisas que demonstram que o consumo é menor quando as relações humanas são satisfatórias.
Desta maneira o ato impulsivo de comprar funciona como uma droga leve gera prazer e satisfação, envolve um ritual de preparação e muitas vezes estão diretamente associadas a situações de frustração e tristeza, semelhante ao que acontece na dependência química. Mas embora apresente muitas similaridades, o comportamento de comprar não é reconhecido como dependência, pois não envolve o uso de substâncias. É, portanto um problema psicológico que desestabiliza o emocional, social e econômico da pessoa. Para muitos, o impulso de comprar pode parecer um capricho, mas estudos recentes verificaram que as compulsões causam alterações na liberação de neurotransmissores, como dopamina, adrenalina e serotonina. A euforia relacionada ás compras, segundo estes estudos tem um mecanismo biológico semelhante ao abuso de drogas. A dependência surge do prazer gerado pelo comprar, que o cérebro se habituou. As pessoas que sofrem da compulsão de comprar podem descrever sensações físicas, no momento da compra, comparáveis a degustação de uma boa comida, de uma bebida agradável, etc.
De acordo com a organização mundial de saúde, cerca de 6% da população sofre com comportamentos impulsivos, relacionados à compulsão de comprar. Embora afete ambos os sexos, são as mulheres que mais buscam ajuda especializada. Na Itália a psicóloga Roberta Biolcati, verificou um aumento de 90% na procura por tratamento de problemas relacionados ao consumo, sobretudo por mulheres. Entre os homens a pesquisadora observou que o impulso atinge, principalmente, jovem em conflito com sua imagem. O primeiro passo, para se tratar, é a pessoa reconhecer a doença, ter consciência que sua compulsão por comprar é excessiva e assumir a sua impotência para controlar o impulso. Em alguns casos existe a necessidade de sessões de psicoterapia, combinadas com medicação para regular as disfunções nos níveis da serotonina, neurotransmissor responsável por evitar a depressão e ansiedade. Existem também os grupos de auto-ajuda, que utilizam a metodologia semelhante dos grupos de alcoólicos e narcóticos anônimos.

terça-feira, 22 de julho de 2008

POR QUE É TÃO DIFÍCIL MUDAR?


José Fabiano Ferraz - Psicólogo - 12 39136519
Observo esta dificuldade no consultório clínico, nas empresas com o trabalho em comportamento organizacional, como professor universitário na relação com os alunos, nos grupos de recuperação em compulsividade e dependência química e na minha vida de um modo geral. Mesmo quando queremos mudar, quando adquirimos a maturidade de consciência da mudança, mesmo assim, mudar é uma tarefa das mais difíceis que encontramos em nossa vida. Observo que acabamos sendo atropelados pelas mudanças, e nos sentimos despreparados para lidar com o diferente que a mudança ocasiona em nossa vida. Foi sentindo no próprio corpo, que descobri primeiro que existe um processo de mudança, ou seja, ela não acontece de uma hora para outra como desejamos. Sabe aquelas mudanças que idealizamos no final de semana para começar na segunda feira, ou as imaginadas durante as férias para iniciarmos assim que voltarmos elas dificilmente acontecem de verdade, pois o processo de mudança não começa com o novo pronto para ser praticado. Descobri também, em minha caminhada de mudanças, que não se trata de força de vontade, ou de estado de espírito como muitos entendem. E sim de uma maturidade em conhecer como o processo de mudança ocorre em mim, como reajo ás situações em minha vida que suscitam a mudança. Outra coisa importante é que não podemos viver a vida sem mudar. Algumas pessoas me perguntam no consultório: mas por que eu preciso mudar? Porque as pessoas ao seu redor estão mudando, porque o seu corpo esta mudando, porque a política, a tecnologia, a sociedade e tantas outras coisas que afetam a sua vida diretamente estão mudando. Não mudamos por capricho ou por modismo, mudamos por necessidade inerente ao processo de existir num mundo em constante mutação. Em minha atividade pude constatar três situações que compõe o processo de mudança, vou tentar passar para vocês estas situações da maneira mais prática possível, pois fazem parte da minha vivência.
A primeira coisa é entender que a mudança começa pelo fim, isso mesmo, e não pelo início e pelo novo. Quando pensamos em mudança, imaginamos o novo comportamento ou a nova atitude que queremos ter diante da vida. Mas precisamos entender que antes que o novo ocorra, devemos viver a separação, o afastamento daquilo que queremos deixar em nossa vida. Então antes de experimentar o novo precisamos aprender a lidar com o fim. Isso por si só é um processo, que possui etapas, dificuldades e precisa de tempo. O fim traz a tristeza, a incerteza, o medo e a angústia. Por mais estranho que possa parecer estamos apegados ao que desejamos mudar em nossa vida e em nossa identidade. Precisamos finalizar algo que nos acompanha durante muitos anos, precisamos aprender a criar distância do que não queremos mais, interromper o padrão que faz parte do ritual automático de nosso comportamento. Deixar que o fim aconteça naturalmente. O tempo pode ser nosso aliado se entendemos que precisamos dele, pois a cobrança por resultados imediatos, traz culpa e muitas vezes retrocedemos e desistimos da mudança. Se conseguirmos finalizar, entramos em outra situação e começamos a sentir um vazio, uma agitação e um incômodo pelo espaço que o fim gerou em nós. Ficamos excitados e ansiosos, pois estamos entre uma coisa e outra, estamos encerrando um comportamento, mas não temos nada novo para colocar no lugar. Precisamos aprender a conviver com a pausa, com a espera, com o indeterminado, com a confusão que se estabelece ao desestruturar um modo de ser no mundo. Por outro lado é uma etapa de criação, estamos com a sensação de liberdade e podemos nos arriscar a novas conexões em nossa vida. Por último vem a etapa em que o novo começa a ganhar forma, em que uma nova ordem começa a se estabelecer em nosso universo de relações. Começamos a ver as situações de outra forma, de outros ângulos e diferentes sentimentos aparecem. Esta é a etapa em que vamos experimentar, vamos testar e praticar o novo que começa a existir em nós. Temos que aprender a nos ver de maneira diferente, e sentir que o velho morre, para que o novo aconteça. Com sucesso ou não vivemos nossas transformações, podemos tomá-las em nossas mãos e perceber que podemos nos modificar a partir do gerenciamento de nossa vida, de criar novas formas de ser no mundo, mudar nossa personalidade e não ficarmos agarrados a idéia de sermos sempre a mesma pessoa, a vida inteira.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

FÉRIAS


José Fabiano Ferraz - Psicólogo - 12 39136519

Estou vivendo aquela sensação que a maioria das pessoas vivem na véspera de sair de férias. O último dia é o mais difícil, parece que não acaba nunca, dá uma preguiça de fazer as coisas. Pois bem estou escrevendo esta coluna, que é o último compromisso antes de fechar o notebook e sair para umas merecidas férias. O termo férias em sua etimologia designa o período de descanso a que têm direito empregados, servidores públicos, estudantes, etc. Geralmente depois de passado um ano ou um semestre, de trabalhos ou atividades. É uma palavra que provém do latim “feria - ae”, singular de feriae, - arum, que significa entre os romanos o dia em que não se trabalha por prescrição religiosa. A palavra latina feria também se encontra na denominação dos dias da semana, do calendário elaborado pelo imperador romano Constantino III d. C. que lhe deu o sentido de comemoração religiosa, no sec. IV ainda por influência da igreja. Prima feria foi substituído por Dominicus dies (dia do Senhor) e septima feria foi transformado em sabbatu, dia em que os primeiros judeus cristãos se reuniam para orar. No Brasil a legislação trabalhista estabelece um mínimo de 20 ou 30 dias consecutivos por ano de férias, sendo que aquele que tem apenas 20 dias pode requerer compensação pelos outros 10 dias em forma de salário. As férias tem o objetivo de proporcionar um período de descanso por lei, o trabalhador não pode se privar das férias nem por vontade própria, ele deverá cumprir 1/3 do período no mínimo.
A importância das férias é tão grande à nossa saúde que é garantida por lei, mesmo que a pessoa queira abrir mão de suas férias. Precisamos nos afastar por um tempo de nossa rotina diária e de nossos compromissos. Algumas pessoas, e hoje em dia não são poucas, vivem numa correria com muita atividade, sempre ocupada com cobranças por todos os lados. Estudam, trabalham, buscam o desenvolvimento pessoal através de cursos de especialização, envolvem-se em projetos e desafios no trabalho. Podemos perceber que estamos precisando de umas férias, quando nosso nível de energia está reduzido, começamos a ter dificuldade de concentrar em tarefas simples e ficamos desinteressados por nossas atividades cotidianas. O corpo nos dá este limite, e é preciso que respeitemos, pois caso contrário estaremos caminhando para a estafa e o stress. Muitas pessoas vendem as férias, ou nem tiram férias. É preciso parar, mudar de ares. Nosso organismo leva aproximadamente uns quinze dias para sair da rotina, em relação a horário e despreocupações. Por isso precisamos de 30 dias, ou no mínimo 20 dias de descanso.
Algumas pessoas evitam sair de férias, pois sentem que ficam mais estressadas quando estão com a família. O período de férias vira uma rotina, vão sempre aos mesmos lugares, com as mesmas pessoas, fazer as mesmas coisas e na mesma época do ano. Tem aqueles que aproveitam as férias para trabalhar e arrumar a casa, fazer obras e reparos, ou coordenar as obras que contrataram. Existem pessoas que tem dificuldade de ficar sem uma ocupação, não conseguem ficar a toa sem fazer nada. Precisamos aprender a descansar, é algo tão importante que Deus quando fez o mundo descansou no sétimo dia.
As férias podem ser programadas ou uma aventura, uma viagem longa ou curta o importante é que por uns dias você se desligue completamente de sua rotina. Mas se desligue também de alguns padrões que fazem parte de sua personalidade. Se você tem o hábito de liderar, deixe que os outros liderem e evite ficar tomando a frente das decisões. Se você é do tipo que faz muitas coisas ao mesmo tempo, procure fazer uma coisa de cada vez e bem lentamente, não tenha pressa. Agora o mais importante é que aproveite suas férias, pois você sabe que após o tempo de descanso existe uma rotina de trabalho te esperando para começar tudo outra vez.
Então BOAS FÉRIAS.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

SEXO!! EU QUERO SEXO!!




José Fabiano Ferraz – Psicólogo – 39136519


Vivemos num oceano de sexualidade, dentro e principalmente fora do corpo. As pessoas organizam suas vidas, tendo como base a sua sexualidade. Mas gostaria de considerar apenas o aspecto do ENCONTRO, dentre os vários envolvidos nesta relação. A sexualidade acontece no encontro. Hoje as pessoas estão cada vez mais sexualizadas, com suas roupas, seus cabelos, suas formas e sexualizando cada vez mais os encontros. Existe uma fragrância de sensualidade na sociedade, que nos chama nos genitais, ao encontro com outra pessoa. Somos excitados por estímulos exteriores e independentes à nossa vontade, nos genitais, à vida e ao encontro. Um casal hoje quando resolve namorar, já passou pelo ficar. Isto considerando uma probabilidade estatística. Vamos entender este ficar com ou sem sexo? Se for com sexo, o casal passa para fase do namoro vivendo um acasalamento. Os desejos e excitações internas que vivemos em nosso corpo buscarão a satisfação e realização. O sexo, hoje vem primeiro no encontro e os encontros acontecem por causa do sexo. O que se chama de sexo sem amor. Dividi-se sexo com amor e sem amor. Ouço também a argumentação de que tem de saber se vai dar certo ou não, no sentido literal do dar. Quer dizer eu vou tendo experiências sexualizadas na vida, até que encontre alguém para amar. Sexo com amor significa que o sexo acontecerá como brinde ao amor. No ENCONTRO, as pessoas criam a relação possível no tempo e no espaço geométrico que ocupam. A sexualidade é um dos estímulos presentes. O amor é um sentimento aprendido, e com isso precisa de tempo, convivência e relação. Nós aprendemos a amar, e desenvolvemos este amor em cuidado, reconhecimento e cooperação. Quando duas pessoas estão intimamente ligadas em suas necessidades, o sexo como intimidade do ser acontece numa relação de profundo gozo, a paixão e o amor convivendo pacificamente no paraíso da sexualidade. Precisamos de uma maneira diferente de orientar o comportamento sexual na sociedade. Vivemos o problema das doenças sexualmente transmissíveis, o pesadelo da AIDS, por causa de desejos sexuais deslocados, tantos desastres à saúde no campo da sexualidade e continuamos excitando os desejos genitais. Não tenho nada contra o sexo, apenas acredito que precisamos aprender a ter relações que realizem o ser, em suas dimensões espirituais, mentais e emocionais. Precisamos pensar nas na família e na sua sobrevivência enquanto instituição social. Entendo por família uma organização humana capaz de reproduzir a si mesma a partir de suas constituições biológicas. Uma família se reproduz em outras pequenas famílias a partir da sua constituição genética. Homem e mulher geram um ser que juntamente com outro ser, gera outro ser... E assim a sociedade.
Mas voltemos ao ENCONTRO, e no que podemos fazer para ter uma relação de encontros que busquem o amor mais do que o sexo. Pessoas cansadas de sexo sem amor à procura de uma relação, conversar e conhecer o outro. Participar da vida, um do outro. Cultivar uma relação, cuidar desta relação e fazê-la crescer para o benefício dos dois. E quando voltarem de uma festa, não esteja dizendo quantas bocas beijaram, mas sim se conheceram alguém com quem irá se encontrar uma segunda vez, inebriado de expectativas pelo próximo ENCONTRO.