quarta-feira, 25 de junho de 2008

FOBIA SOCIAL


José Fabiano Ferraz – Psicólogo - 12 - 39136519


Hoje em dia cresce o número de pessoas que sofrem de fobia social, embora não existam dados estatísticos que revelem a verdadeira situação da doença na população. A fobia social se caracteriza como uma intensa ansiedade em situações sociais, que requer da pessoa contato interpessoal, de desempenho ou ambos. A pessoa entra num estado de sofrimento excessivo, que interfere de forma significativa em seu cotidiano. Geralmente acaba por afetar alguma área, importante, da vida da pessoa de forma acentuada: no trabalho, nas relações sociais, atividades acadêmicas e até mesmo no lazer. A pessoa que sofre de fobia social tem medo da avaliação do outros, por isso evitam a exposição. Apresentam dificuldade em falar em público, comprometendo sua participação em reuniões, na apresentação de projetos, etc. Na vida social pode apresentar medo de comer, beber, escrever quando outras pessoas estão olhando e até mesmo usar banheiro público. Acontece também da pessoa temer iniciar e manter conversas mesmo informais e descontraídas. O sofrimento com a doença da fobia social vai se agravando, devido ao isolamento social que acontece. Evita sair e se expor, para atividades simples e cotidianas, existem um comprometimento no seu trabalho e na sua vida social.
Quem sofre de fobia social, sente o mal estar constante e o desconforto na presença de outras pessoas. Sente-se inapropriado e inadequado nas situações, e vive um conflito interno, pois a pessoa sabe que seu medo é exagerado ou irracional. A situação torna-se mais constrangedora quando aparece o rubor facial, tremor e sudorese. O medo de parecer ridículo ou tolo, ser o centro das atenções, de cometer erros e de não corresponder à expectativa das pessoas. É comum que a pessoa sinta-se alvo de comentários ou gozação por parte de outras pessoas.
Precisamos entender que a fobia social é um transtorno de ansiedade, uma doença psicológica que precisa de tratamento. Algumas pessoas acham-se tímidas e envergonhadas, aceitam esta situação como um traço de personalidade. Acabam por prejudicar sua vida, perdendo oportunidades importantes no campo profissional, sofrendo principalmente em sua vida afetiva e amorosa um isolamento. A pessoa precisa ter consciência de que existe tratamento para a fobia social. Medo e ansiedade são reações normais diante do perigo, real ou imaginário e não é por si só problema psíquico. Quando medo e ansiedade são mais constantes e persistentes do que seria razoável e impedem a vida normal, aí sim existe um transtorno de ansiedade. As fobias são o medo excessivo, desvinculado de uma ameaça real, de estímulos ou situações específicas.
O tratamento da fobia social envolve um primeiro passo onde a pessoa, aprenderá a reconhecer como a fobia se organiza em sua vida principalmente em seus processos corporais, aprender a olhar a si mesma na situação de exposição social. A expressão emocional do medo, o corpo paralisado, a respiração curta, o coração acelerado. Neste primeiro passo a pessoa aprenderá a ter consciência do medo no seu corpo. Seguimos para um segundo passo onde irá observar de maneira ativa, o processo de “como” o medo se organiza anatomicamente no corpo. Não se trata de buscar as causas, ou explicações do medo, mas contato com as reações corporais, com a experiência do medo no corpo. Nesse estágio do tratamento a pessoa percebe que não é possuída por “algo” que vem de fora, que suas reações corporais são organizadas por ela. Passamos para o terceiro passo, no qual a pessoa aprende a desestruturar o padrão do medo no corpo. Desorganizar os rituais, as formas habituais e involuntárias de expressão, principalmente corporal. Neste passo aprenderá o exercício da sanfona, que irá permitir que desorganize o padrão corporal da forma do medo. É comum nesta fase o medo de perder o controle, o senso de identidade, pois a pessoa está abandonando um padrão que a acompanha por vários anos.
Naturalmente no decorrer do processo, a pessoa terá cada vez mais consciência de “como” seu corpo reage ao encontro com as pessoas, estará cada vez mais apropriada de seus processos corporais. Com isso poderá, de forma criativa, utilizar o que aprendeu para organizar novos padrões. É preciso praticar, praticar muitas vezes os passos, pois é com o conhecimento do que acontece comigo, estando apropriado de minhas reações emocionais no corpo que aprenderei a estabelecer novas conexões em minha vida.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

EU DIGO NÃO?




José Fabiano Ferraz - Psicólogo - 12 - 39136519
Para algumas pessoas dizer “não” é uma tarefa, difícil e angustiante. Sofrem e muitas vezes sentem-se usadas, mas não conseguem fazer nada a respeito, assistem passivamente o desrespeito à sua vontade. Dizer “não” é a expressão de um protesto, como pode ao mesmo tempo ser uma auto-afirmação. Quando criança aprendemos inicialmente a dizer “não” com o corpo, enrijecemos e nos apertamos assumimos uma postura, um padrão de expressão que pode ser o choro, o grito e a teimosia.
Mas por que no decorrer de nossas vidas, para algumas pessoas, dizer “não” se torna algo difícil e angustiante? Muita gente tem problema em dizer “não”, em fazer valer sua posição. E quando dizem “não”, o fazem de uma maneira tão rígida e dura que depois se sente culpada e incapaz de restabelecer a relação do “sim”. Isto acontece porque dizer “não” gera naturalmente, a dor e o risco da distância, traz a incerteza e o aberto de uma relação que se desorganiza, por uns momentos, para reconstruir formas de respeito à individualidade e ao espaço de cada pessoa. Dizer “não” é uma disponibilidade para correr o risco da separação e da solidão. Se você não disser “não”, dificilmente aprenderá a se afirmar, se você não exercer a habilidade de formar e mantiver limites, poderá viver repetidas vezes o papel de vítima. Sentirá que as pessoas abusam de você, que usam você e terá a sensação de que não é reconhecida nem valorizada. Pessoas com dificuldade em dizer “não”, podem sentir-se invadidas, rejeitadas e com muita restrição em ser elas mesmas.
O que é pior nisso tudo é o preço que se paga. Algumas pessoas dizem “não” com o corpo, de forma involuntária, mas não conseguem criar uma forma de expressão que ganhe o mundo. Aparecem as dores pelo corpo, principalmente nas regiões lombar e dos ombros, que denunciam a insatisfação com a vida que estamos levando e o peso que estamos carregando. Outras pessoas dizem “não” com sua irritação, sua impaciência e isolamento, mas não aprendem a lutar nem fugir das situações que lhe desagradam ou agridem. Dizer “não” é uma forma de se proteger e se não aprendemos a fazer isso, sabe o que acontece? Não vamos aprender a lidar com a excitação, que acompanha a autonomia e independência. É isso mesmo, organizar formas autônomas e independentes, despertam, necessariamente, processos excitatórios em nosso corpo que abrem espaço para o novo.
Pessoas com dificuldade em dizer “não”, precisam aprender a confiar, se soltar e descontrair. Podemos aprender a ser diferente, é uma questão de correr o risco da experiência. Pode ser que nas primeiras tentativas de dizer “não”, nossa voz esteja insegura e quase não saia, pode ser que digamos “não” e logo em seguida, inundados de um sentimento de culpa e insegurança troquemos o “não” pelo “sim”. Dizer “não” primeiro cria uma distância, um afastamento devido ao limite que foi colocado; mas também permite a reorganização de uma nova ação, um novo você restabelecendo uma relação e uma expressão que permita o “sim”. Uma forma não precisa, nem deve ser congelada e cristalizada. Da mesma maneira que dizer “sim” sempre é um problema, o mesmo vale para o dizer “não” sempre. A pessoa adota uma postura rígida de “sim” ou de “não” que não condiz com a necessidade do processo de viver, que requer um conjunto temporário de decisões pessoais, que podem ser modificadas de acordo com as circunstâncias.
O processo de viver requer que você aprenda a estabelecer limites, depois suavize estes limites e aprenda a negociá-los. Requer também que você aprenda reformar seu comportamento, atualizar suas formas de expressão emocional. O processo de viver possui uma lei universal de expansão e contração. O que isto quer dizer? Que nos expandimos em direção ao mundo e às pessoas, que buscamos a relação e o contato, mas que também nos contraímos, voltamos para nós mesmos e estabelecemos limites de proteção à vida.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

DIA DOS NAMORADOS, SEM NAMORADO.



José Fabiano Ferraz – Psicólogo – 12 - 39136519

Quantos de nós já não passou por essa situação? Desconfortável e desagradável a angústia que acompanha. Vamos entender essa construção, esse modo meio fantasma que interfere diretamente em nosso humor, podendo nos deixar deprimidos ou ansiosos e eufóricos. Interessante como reproduzimos significados subjetivos com uma corporalidade real e concreta. Por que dói algo que não existe? Interessante como a imagem de um ícone, nos afeta nas pulsações, ficamos ou mais agitados, ou menos agitados, dependendo de nosso entendimento dos acontecimentos. Como podemos ficar angustiados por algo que não existe? Se o namorado não existe, significa que esta data não faz parte do meu calendário comemorativo. Pode ser uma decisão definitiva, ou emergencial. Quando estiver com namorado esta data passa a fazer parte do calendário comemorativo. Pensando racionalmente está perfeita, a solução adequada para problema. Cria-se um significado pessoal e adaptativo sem constrangimentos. O problema é que o afeto é pessoal e intransferível, eu sinto do meu modo, com os meus significados e isto acontece no meu corpo, alterando a pulsação para mais ou para menos. O dia dos namorados, sem namorado é vivido em cada célula com uma pitada de angústia. O que posso fazer? Lidar com essa angústia? Sentir-me ridículo por estar afetivamente abalado por um significado construído no imaginário social? Realmente estas datas comemorativas trazem as duas faces da moeda: dia das mães, dia dos pais, dia das crianças são datas que geram sentimentos ambíguos para pessoas que perderam o motivo de comemorar.
A vida é um processo de aprendizado, se não fosse assim não teríamos chegado a este avanço tecnológico fantástico. Estamos sempre aprendendo, construindo formas para dar conta das situações. O que podemos fazer é aprender a lidar com a angústia. De certo modo, embora possa parecer estranho, precisamos aprender a sentir a tristeza que acompanha estas datas, àqueles que perderam o motivo de comemorarem. Hoje em dia parece que existe uma obrigação de ser feliz, temos que estar sempre rindo e comemorando. Com isso não aprendemos a construir formas, sejam no próprio corpo, sejam nas relações pessoais de viver a tristeza e a angústia. O resultado é o colapso, a pessoa vai segurando, vai segurando até que o corpo entra em colapso e cai diante da depressão ou da ansiedade podendo gerar, dentre outros sintomas, comportamentos compulsivos de comprar, nas mulheres principalmente, como recurso de lidar com o stress.
Mas é possível lidar com a angústia no corpo? Evidente que sim. Preste atenção na sua pulsação. Primeiro identifique a velocidade. Você ficou acelerado? Ou pelo contrário sente-se sem energia e desanimado? Em ambos os casos o próprio corpo produz substâncias químicas que podem nos acelerar ou desacelerar. A ansiedade, no caso da aceleração, pode nos deixar mais vorazes e fazemos as coisas em exagero, comemos demais, bebemos demais, falamos demais, etc. A desaceleração nos deixa desanimada e sem energia, perdemos o interesse pelas coisas e nos entregamos ao momento depressivo que estamos vivendo. É preciso aprender a influir no ritmo e na velocidade do próprio corpo, a respiração é fundamental para isso. Preste atenção em sua respiração se tiver acelerada e curta, procure alongá-la respirando no abdômen. Caminhar ajuda a gastar a energia produzida pelo corpo para lidar com o stress da situação. Principalmente quando se é mais jovem, prevenção e resistência são a chave para mais anos de qualidade de vida. Passar o dia dos namorados sem namorado, desperta um sentimento natural em todos nós, o desejo de ser amado e a falta desse amor. É importante agenciar emocionalmente e socialmente a viagem por este sentimento. Esta semana tive a oportunidade de ouvir algumas moças na faixa de seus vinte e poucos anos, conversando sobre como iriam passar o dia dos namorados sem namorado. Falavam do peso que gera no corpo, pois tudo: televisão, rádio, outdoor vem acompanhado de coraçãozinho, presentes para ele ou para ela. Por mais que queiram esquecer não dá. Todos passamos por isso, pois somos seres afetáveis e nos afetamos com o ambiente. Ainda mais com o bombardeio de propagandas e incentivos ao consumo no dia dos namorados. É preciso ter consciência de que não estamos sozinhos, pois quando passamos por um sentimento desagradável, achamos que somos somente nós no mundo é que estamos vivendo esta situação.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A GREVE DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS


José Fabiano Ferraz – Psicólogo – (12) 39136519 -



Acordamos e iniciamos a rotina diária. Minha esposa toma o seu café da manhã e vai para o trabalho, eu tomo meu banho, faço a barba e aguardo a senhora que fica com minha filha de seis anos até a hora do almoço. Assistindo o jornal da vanguarda, vejo a notícia da greve dos motoristas de ônibus em São José dos Campos. Na mesma hora ligo para nossa colaboradora e vejo que sua situação não é diferente das inúmeras pessoas que moram em bairro afastado e dependem de ônibus. Neste momento dispara o alarme, tenho uma agenda com compromissos, atendimentos, reuniões e como fazer com minha filha de seis anos até a hora do almoço. É uma reação típica de stress que vivenciamos com o atravessamento de questões independentes à nossa vontade. Uma agitação interna se estabelece no corpo, uma impaciência e irritação surgem naturalmente, conseqüência do transtorno da mudança da rotina diária.

O que podemos fazer quando surgem imprevistos que alteram nossos padrões, nossos hábitos? Temos um aparelho cerebral preparado para estas situações de emergência, temos um processo psíquico que nos permite ser criativos e inovadores, capazes de organizar soluções originais e adaptação aos nossos problemas cotidianos. Podemos, frente à situação de stress, construir atitudes adequadas para enfrentar o problema. Precisamos desorganizar a forma de alarme que se estabelece em nosso corpo, alterando nosso ritmo interno, nossa respiração e deixando-nos acelerados. A primeira atitude a tomar é muito simples, mas ao mesmo tempo difícil, reorganizar a respiração. Pois é neste momento em que o cérebro está disparando funções de defesa, acelerando e aumentando a pressão, enrijecendo e potencializando o corpo para ação, que temos dificuldade em nos concentrar na respiração. Veja bem, o corpo é preparado, em momentos de stress, para lutar ou para fugir. Porém nossa atitude deve envolver planejamento e estratégia, pois nossos problemas urbanos não podem ser resolvidos com a potência muscular. A sensação de irritação e impaciência que sentimos, como se algo tivesse tomado conta de nosso corpo, na verdade somos nós mesmos que produzimos. Por isso concentro na respiração, respiro no abdômen, de forma suave sem hiper ventilar, também presto atenção em minhas pernas e deixo o peso do corpo vir para os pés, gerando sustentação em meu corpo frente ao problema que tenho que resolver. É comum em momentos de stress a musculatura ficar rígida e pronta para o ataque, o corpo puxa para cima por isso a tensão nos ombros e no tórax, aprender a deixar o peso do corpo vir para as pernas é uma forma de desorganizar essa prontidão para o ataque.

Com o corpo desarmado do alarme posso pensar com tranqüilidade, converso com a minha filha e explico o que está acontecendo, ligo para minha esposa para organizarmos uma estratégia contingencial e lidar com a situação. A greve dos motoristas de ônibus segue, por mais um dia, mas agora já estamos preparados para enfrentá-la. É assim em nosso cotidiano, problemas surgem independentes de nossa vontade e fazem parte da dinâmica de nossa vida urbana. É preciso aprender a lidar com o stress, de forma eficaz nas suas dimensões: emocional - no caso da greve a irritação e impaciência que geraram em mim-, na dimensão de vínculos e relações interpessoais - ficar nervoso e mal humorado, principalmente com minha filha e minha esposa -, e nos aspectos políticos – compreender que existe uma ordem política, sindicato, governo, capital versus trabalho da qual faço parte, direta ou indiretamente -.